sábado, 25 de maio de 2019

Devemos mesmo investir mais em educação? Quem paga e quem ganha com esse modelo?


   
A discussão sobre o desempenho dos alunos brasileiros da escola pública, em especial a carioca e paulistana nas quais tenho maior contato, se resumiram nas pautas partidárias e em especial isso fica muito claro com a proximidade das eleições porque falar em defesa da educação continua sendo muito bonito mesmo que esteja distante de qualquer prática efetiva que a coloque como ponto de reflexão constante e entende-la como principal elemento desenvolvedor de uma nação. Japão, Coreia do Sul, Noruega, Finlândia e Noruega já deram essa lição!
 Não há dúvidas de que reduzi-la as discussões partidárias seja triste e infrutífero, triste por conta da qualidade de nossos representantes e infrutífero porque as maiorias dos representantes partidários estão bem preocupados com as suas reeleições ou com os sedutores salários e regalias que seus cargos oferecem. O sistema educacional está caótico, entretanto, não podemos reduzir tamanho caos apenas na questão financeira. Há dinheiro sim e muito! Mas, é preciso admitir que haja gastos desnecessários na educação básica.
    O primeiro ponto são os inúmeros gastos com projetos distantes das realidades de milhares de alunos e reorganizações que acontecem apenas dentro das salas das Secretarias de Educação, em especial diretamente das telas d e computadores apresentados por gráficos e designes inteligentes e chamativos apresentados inicialmente para um grupo reservado de professores cooptados (diga-se de passagem, em sua maioria tomaram horror das salas de aulas) que aplaudem tudo que é apresentado. Na pratica são ineficientes porque desconsideram ou mesmo não se importam com as reais necessidades dos alunos das redes estaduais, em especial da periferia, e nunca convidando os professores “chão de fábrica” para discussões importantes. E então convido a todos refletirem sobre os reais resultados das inúmeras reorganizações que foram feitas nas escolas. O que mudou de fato? O governo Dória em São Paulo, recentemente anunciou mais uma reorganização, aliás, de grande envergadura, mas seu secretário não disse nada sobre valorização dos seus professores, sobre o que fará com alunos indisciplinados e o que fará com milhares de analfabetos dentro do seu sistema de ensino. Seria mais um gasto anunciado?
    Em relação às diversas provas como as Olimpíadas de Matemática Brasileira, embora de grande relevância nacional, é aplicada sem qualquer critério para milhares de alunos. E quando questiono aqui os critérios chamo a atenção pelo fato da prova ser aplicada para alunos analfabetos. Quem paga por isso? O que se deseja com isso? Quem já pensou nisso? Ocorre em várias escolas, toda hora, sem que qualquer indivíduo ligado ás grandes estruturas das secretarias questionarem esse fato. E vai um professor do “baixo clero” abrir tal discussão! Já escrevi sobre isso num texto chamado “a vagabundização do professor brasileiro “https://marcospaulocamposdacosta.blogspot.com/2019/05/a-vagabundizacao-do-professor-brasileiro_25.html.
 Outra questão que me atenta profundamente é sobre a quantidade de merenda não consumida que é diariamente que é literalmente joga no lixo, com todas as letras, que simboliza não só um desrespeito coma humanidade, mas também uma afronta ao erário público desconsiderando o esforço da sociedade, que paga seus tributos e trabalha, lançando no ralo importante, recursos que poderiam ser destinados para outras necessidades da educação brasileira. O que mais me deixa intrigado é que as maiorias das escolas públicas situam-se em locais periféricos onde a fome é um fato conhecido. Quem deu a ordem? Quem recebe por essa merenda? Quem paga? Como pagam? Por quanto pagam?
    Há outro elemento muito caro para a escola brasileira, um dos maiores desafios contemporâneos no Brasil, é chama-se INDISCIPLINA ESCOLAR. Já tenho dito várias vezes que esse tema leva a prejuízos imensuráveis para a sociedade brasileira e mata professores no Brasil inteiro é o que eu denominei “mestrecídio” (morte de professores) e para apimentar a reflexão sugiro um profundo estudo sobre esse tema e não me assustaria que há um verdadeiro genocídio de professores que adoecem por vários motivos: assédio moral, desvalorização, perseguição de superiores, enfrentamento de pais irresponsáveis e a frustração pelo desrespeito (de invariadas dimensões que ficaria linhas e linhas escrevendo) que sofrem rotineiramente de norte a sul ou de leste a oeste desse país. São inúmeros professores readaptados, afastados por estarem doentes ou em tratamento psiquiátricos. Quem paga por isso? Que futuro terá essa nação?
   A indisciplina sangra a educação brasileira e ao que me parece ninguém está disposto a encará-la. A indisciplina como água dos rios deságua em outras esferas do investimento público. Quem paga pela abertura de milhares de escolas? Quem paga pela merenda servida? Inúmeros transportes? E os milhares de livros que são trocados trienalmente? Convido a todos refletirem sobre o tema mais uma vez quem paga por isso? O dinheiro brota em arvores ou caem como chuvas das nuvens? Não senhores e senhoras brasileiras, elas saem dos nossos tributos que são repassados a educação. Quem seriam os empresários fornecedores dessa bela estrutura chamada escola brasileira? “Qual é a responsabilidade deles já que beneficiam do ‘liberalismo ás avessas brasileira”. Então, a sua participação com o cliente Estado só se resume a fornecer e receber? Chamo a atenção desse investimento pelo fato de estranhar a tolerância  e imparcialidade de tantos funcionários de alto escalão das diversas secretarias de educação desse país pelo fato de milhares de crianças chegarem analfabetas em pleno sexto ano do Fundamental II. Como passam a primeira, a segunda, a terceira, a quarta, a quinta série e .... Continuam analfabetos! E o pior, continua analfabeto e em sua maioria receberão certificados do Ensino Médio. Pasmem todos, mas estamos dizendo que esse mesmo aluno desse certificado pode cursar uma Universidade, isso é gravíssimo! Alguém sabe me dizer o número exato de analfabetos dentro das escolas brasileiras cursando o Fundamental II? Então, chamo atenção para outra gravidade e um questionamento crucial para compreendermos os recursos destinados à educação. Qual é o resultado efetivo para a sociedade que com seus impostos bancou todos os investimentos públicos destinados aquela criança que chegou ao 6 º ano?    Quem pagará por esse crime de enganar a família e atrapalhar o desenvolvimento dessa criança? E quem irá ressarcir o povo por mais essa brincadeira com o dinheiro público?
         Para encerrar, compreendo todos os posicionamentos que alguns profissionais de educação adotam quando discutem a indisciplina escolar, entretanto, questiono sobre o caráter dúbio do que se apresenta cotidianamente, eu diria viciosamente, nas salas de aulas desse país, embora guardado as devidas proporções, precisamos definir o que queremos da escola: que ela continue funcionando como um “depósito de crianças” onde lentamente esteja sendo transformada num orfanato  ou realmente seja um espaço de rela aprendizado quanto a produção de conhecimento e a formação plena do aluno, preparando-o para os desafios contemporâneos. Até quando, por exemplo, aceitaremos que um números de alunos distante das propostas escolares atrapalhem, desafiem os professores em sala e desrespeitam funcionários, coordenadores e diretores e atuem como predadores do espaço escolar retirando o direitos de milhares de crianças filhos de trabalhadores que educam seus filhos mas, não puderam matricular seus filhos numa escola particular. A indisciplina escolar promovida por jovens delinquentes ou no caminho de ser delinquentes, onde a vida e falta de oportunidades os transformaram em feras sociais, tiram de diversas crianças o direito de ter uma escola decente, realizadora e transformadora. Ou como uma amiga professora de trabalho sempre gosta de citar “destruindo seus sonhos”.  Como podemos em nome de uma escola “aberta para todos” permitam que destruam os sonhos de milhares de crianças que estão matriculadas em diversas escolas públicas do Brasil não tenham direito de ouvir seu professor? Por qual motivo, ao invés de se criar tantas reorganizações mexendo na vida de varias pessoas envolvidas na educação, no geram entediadas e frustradas, não criem outro tipo de projeto político pedagógico que abram espaços para atuar com crianças que não conseguem acompanhar o atual modelo? Por  qual razão de tanta hipocrisia com esse tema?
    Volto a questionar, quem paga por esse modelo de educação? E quem ganha com esse modelo educacional?
  

 

A "vagabundização" do professor brasileiro.


Ocorre em nosso país um fenômeno que dilacera a educação brasileira, uma visão silenciosa e compartilhada secretamente, poucos percebem e está incrustado na alma de parte de gestores, funcionários ou professores alienados que de forma inconsciente acabam inferindo uma visão negativa sobre o perfil do professor, modificando o ambiente de trabalho de acordo com os seus projetos pessoais. Na maioria das vezes alguns profissionais, se esquecem de que são também professores, e acaba por conveniência pessoal aderir ao processo de “vagabundização do professor”, transformando totalmente o seu olhar ao outro profissional que compartilha os verdadeiros ideais da educação, deixando de se reconhecer como classe diminuindo a sua própria capacidade interpessoal em pensar e agir por si próprios.
       A ideia da “vagabundização do professor” é um modo de ver, pensar e agir sob a ótica da depreciação do professor relegando a sua imagem comparável à de um vagabundo, um ser amoral que deve ser vigiado, achincalhado quando pode, através de conversinhas e piadas, ou mesmo indiretas, Já podemos inclusive classificar tal detrimento dessa imagem como o pior dos assédios morais coletivos que os professores sofrem, e isso ocorre em diversas unidades escolares e sistemas de ensino desse país, em grande parte nas escolas públicas. A “VAGABUNDIZAÇÃO” do professor está inserida no cotidiano e já ultrapassou o limite e talvez já não tenha uma solução eminente pelo fato de tal ideia estar já enraizada, porque ela já está implementada e repetida simplesmente porque tais ações são repetidas no dia a dia ou na semana anterior.
      Segundo tal visão, os seus adeptos “aparelhados” em diversos cargos, acabam por através de invariadas ações diminuir as verdadeiras representações do professor como aquele que é a ponde para o saber, aquele que inspira aquele que deixa uma grande marca na vida de outro ser, aquele que compartilha seu conhecimento para a construção de um ser que precisa se desenvolver frente à cidadania, aos desafios da vida e a entrada ao mercado de trabalho. Os seguidores da “vagabundização do professor” jamais reconhece ou incentiva as suas principais funções, pois, prefere enxergar sempre o professor como um problema e um folgado. O que esperam essa corrente depreciativa e nociva na educação? Relegar o professor a uma mera babá, mediador de conflitos e que de preferência não carregue problemas aos seus espaços de trabalho.
    Os seguidores e adeptos da vagabundização do professor normalmente já saíram das salas de aula, porque simplesmente as odeiam, porque pretende dar outros saltos. O ódio e o desprezo aos alunos são velados, intrínseco, sob o manto da hipocrisia que é outra característica dos defensores e apoiadores da “vagabundização do professor” se apegam nas estatísticas, na legislação e lá onde encontram as bases do seu domínio. O que desejam? Que apenas os alunos tirem 5 , para não dar trabalho. O que foi feito? Bem isso não é apreciado por essa parcela de pseudoprofessores. Não desejam problemas e o seu tempo é quase que exclusivamente a leitura de maravilhosos e detalhados textos, que além de bem estruturados passam distante da realidade das escolas públicas desse país. Os defensores e apoiadores, mesmo que veladamente, da “vagabundização dos professores” gostam de decorar editais de concursos e estar por dentro das inúmeras resoluções malditas que só servem exclusivamente para atrapalhar a vida cotidiana do professor.
   A corrente secreta da “vagabundização do professor” se divide em dois grupos: a primeira é orgânica  e está inserida em altos quadros da educação e estão aparelhados em diversos cargos de poder, esse primeiro grupo joga e alia aqueles grupos que pretendem sucatear a educação pública. São altamente ideológicos e age para deteriorar, precarizar a educação brasileira. O segundo grupo, é aquele que transformou se em verdadeiras marionetes do sistema, são aqueles que acabam fazendo o jogo sujo do primeiro grupo, são aqueles que de certa forma tomaram horror do caos causado pelo primeiro grupo e acabou de certa forma, desacreditando que a educação é transformadora e que vale a pena lutar por ela. Agem como verdadeiros lobos, cujas alcateias dilaceram, como disse, materializando o jogo sujo do primeiro grupo. Não há qualquer consciência, há interesse pelas miseras migalhas que os integrantes do primeiro grupo os permitem devorar para que sejam seus aliados.
     Diga-se de passagem, que ambos os grupos não gostam de trabalhar, ter problema ou resolver situações desafiadoras. Preferem se atentar a circulação dos estudantes no corredor, impedir que as crianças se machuquem (não pensem que é preocupação com o ser, apenas para que os responsáveis não o façam trabalhar) e é lógico, por na conta do inócuo profissional que já tem tantos desafios e trabalho. O que seria um professor bom na visão desses grupos apoiadores da “vagabundização do professor”? Que o professor seja nada mais do que boas babás. Não há interesse pelo aprendizado nunca e sim pela ordem, aquela ordem que não trará problemas “dores de cabeça” leia-se trabalho a resolver. Eles não gostam de trabalho, apenas o dinheiro que recebem a única preocupação. Sim, são mercenários em número e grau.
   Ambos os grupos, não gostam e não acreditam na educação, apenas se servem dela e de seus cargos. São alcateias cretinas que se alimentam do caos criado pelos inúmeros governos criminosos e amorais que tivemos por longos anos, em especial os estaduais. O que vemos? Crianças analfabetas passando de ano com 10 /11 e 12 anos, alguns, chegando à maioridade sem qualquer competência leitora e escritora. Não codifica e muito se quer conseguem realizar leituras além dos códigos escritos. E o que fazem os amantes/adoradores/seguidores da “vagabundização do professor” se esconde, ameaçam e oprimem  aqueles que mesmo com um giz e lousa os inócuos professores, poderiam transformar a realidade da educação no Brasil e como fazem isso? Através do silêncio covarde, da omissão e de leituras de inúmeras resoluções infelizes e irrelevantes, que por sinal sempre vem de cima para baixo sem qualquer participação do professor.