domingo, 27 de julho de 2014

A FANTÁSTICA ARTE CRIADORA DE MITOS

                                 O monopólio da fé como instrumento de controle.
  Há tempos o homem procura compreender a sua presença no planeta, muito tempo antes dele atingir o seu conhecimento sobre o universo, e respostas foram produzidas em formas de mitos, crenças, lendas, filosofia, artística, ciência entre outras formas. O que somos? De onde viemos? E para onde vamos? Somos criaturas ou deuses? São perguntas que sempre estiveram presentes em nosso imaginário humano e funcionando muitas vezes como algo perturbador e ao mesmo conflituoso, não somente pelas diferentes interpretações e respostas diferenciadas, mas que ganharam um dinamismo político quando tais defesas ou ideias se encontraram ou vieram de encontro com os interesses locais ou globais dos grupos hegemônicos que controlam o poder.

  No intimo de sua consciência ser humano reconhece que a sua vida possui limitações naturais, para alguns a vida é curta e passageira, cheia de imprevistos e transformações inusitadas, esperadas ou programadas, que podem nos levar a alegria ou a infelicidade, numa vida marcada pela socialização que se inicia desde o seu nascimento até a sua morte, ALGO MUITO PERTURBADOR. Como fugir disso? Se a morte é algo misterioso e certeira quanto ao sol que paira todas as manhãs do verão.

  Em suas atividades cerebrais a humanidade buscou compreender o sentido da morte, evitá-la.Reinventar a vida tem sido ao longo dos tempos a grande fuga dos seres humanos contribuindo para escrever diversos  mitos criadores de criaturas, céu e inferno, reencarnação, moradas celestiais e a existência de inúmeros deuses presentes em diversas histórias  desde o mundo primitivo ao mundo tecnológico atual.

  É importante aqui citar a grande contribuição analítica e pesquisa apresentadas no livro “O sagrado e o profano” no qual me interessei pelas obras e pelas reflexões de Mircea Eliade. Me interessei  bastante em suas pesquisass individuais a respeito da herança sacra que recebemos do homo religiosus, descobrindo então que no conteúdo desse livro maravilhoso, e muito usado nas universidades desse país, contribuições para compreender as práticas e culturas das sociedades primitivas e, por contraste, as nossas próprias. A historicidade – do contexto antigo ao atual, com todas as transformações nas práticas religiosas – é o que instigou Eliade a escrever Mito e realidade.

A proposta do livro está muito além de  compreender o mito somente em sua época de ouro, na Antiguidade; está focado também na análise da historicidade da evolução e as transformações do mito, mesmo que seja sua degradação. A obra de Eliade acompanha o desenvolvimento histórico das sociedades onde o mito floresceu, investigando a maneira como ele foi sendo reelaborado e reinterpretado por diferentes pensadores em diferentes contextos sócio-culturais.

A visão do autor com a história das religiões é intenso, e se alterna com as análises voltadas ao real funcionamento dos mitos no imaginário de diversos povos primitivos, buscando compreendê-los a partir de um ponto de vista mais global. A recorrência a exemplos – muito frequente, aliás – vem como base empírica sobre a qual ele busca estabelecer apreensões teóricas. Portanto, a alusão aos mitos gregos, às lendas hindus, aos mitos de origem latino-americanos, às canções rituais havaianas etc., são componentes de uma tentativa – muito sólida, diga-se de passagem – de construir uma leitura geral dos mitos, ainda que respeitando o seu contexto histórico e imaginário humano.

  A análise realizada alterou o formato natural de encarar os mitos não mais reduzindo os mitos como  fábulas ou ficções pura e simplesmente, mas sim da forma como as sociedades primitivas os enxergavam. Essa é a principal característica do livro, as histórias míticas não eram fábulas morais, mas eram a própria história do mundo que imaginavam, viviam e acreditavam, sua criação, perfeitamente humana e contextualizada.Desse fato deriva a importância crucial dos mitos para toda a dinâmica social dos povos antigos: conhecer os mitos e seguir seus ensinamentos era participar da realidade, i.e., tomar parte na existência, estar vivo. Conforme escreveu o próprio autor: “O mito é considerado uma história sagrada e, portanto, uma ‘história verdadeira’, porque sempre se refere a realidades. (…) o mito se torna o modelo exemplar de todas as atividades humanas significativas.” (p. 12)

Em referencia as inúmeras criações vejamos o que já escreveram os autores Jeremy Black and Anthony Green em seu livro demônios e simbologia na antiga Mesopotâmia:
    “Desde os tempos remotos o ser humano tenta desvendar este mistério. Os antigos povos sumérios e acadianos já tinham suas crenças sobre vida após a morte e algum tipo de adoração a antepassados falecidos. Os mortos eram enviados para um mundo subterrâneo do qual não havia retorno. Os vivos reverenciavam os mortos, pois acreditavam que assim garantiriam o bom andamento das coisas no mundo dos vivos. Não existia concepção de julgamento pós-morte entre os mesopotâmicos. Acreditava-se que o “espírito” dos mortos atravessava um rio até o “sombrio” mundo dos mortos, onde permaneceria pela eternidade”
   (Jeremy Black and Anthony Green. Gods, Demons, and Symbols of Ancient Mesopotamia, Fifth University of Texas Press Printing, 2003
   Muitas interpretações saíram do controle humano, em decorrência de inúmeros projetos de poder, em surgindo inúmeras doutrinas religiosas que foram se consolidando ao longo do tempo, que tiveram como efeito principal a extensão das intolerâncias ao diferente, provendo a distância da alteridade, e sobretudo, como dano a paralisação, gerando profundos atrasos, da busca interna pelo seu próprio conhecimento, O GRANDE CONHECIMENTO, escrevendo assim na historicidade dessa busca intrínseca por respostas, as consequências danosas em função da substituição da busca interna  pela criação de mecanismos de controle externos em formas de doutrinas sempre bem fundamentadas trazendo assim para a humanidade um conjunto sistemático, muitas vezes religiosos,que serviram como referenciais do poder político e cultural exercidos por vários grupos hegemônicos em diferentes períodos históricos do que para a satisfação humana.
  
  O mesmo pensamento e interpretações de realidades a luz da sua época fizeram também os maias, incas e astecas na América Antiga:
    “ Os maias, astecas e incas chegavam a fazer sacrifícios humanos, arrancando o coração da vítima ainda por pulsar e bebendo seu sangue diante do Deus Sol, numa tentativa de prolongar sua vida e acalmar sua divindade. Nas festividades da colheita os astecas davam as vítimas de sacrifícios taças de chocolate para que as almas chegassem mais rápido ao céu de uma forma que agradasse as divindades, pois o chocolate era considerado o alimento dos Deuses. As vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas e havia grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se, depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos sacerdotes
  (Guy Annequim, Religião e Ciência entre os Maias, A Civilização dos Maias. Rio de Janeiro, Otto Pierre Editores, 1977).”
   No Egito guardada as suas respectivas condições históricas e particularidades desenvolveram o mesmo comportamento cultural acerca de suas interpretações:
    “No antigo Egito o processo de mumificação era uma tentativa de vencer a morte. Quando o corpo morria sua alma ia para o Reino dos Mortos. Enquanto a alma residia nos Campos de Aaru, o Deus Osíris exigia pagamento pela proteção que ele propiciava. Acreditava-se que colocando bastante riqueza junto ao morto, ele teria mais facilidade em sua outra vida. Obter a recompensa no outro mundo era uma verdadeira provação, exigindo um coração livre de pecados e a capacidade de recitar encantamentos, senhas e fórmulas do Livro dos Mortos. No Salão das Duas Verdades, o coração do falecido era pesado contra uma pena da verdade e justiça, retirada de um ornamento na cabeça da deusa Maet. Se o coração fosse mais leve que a pena, a alma poderia continuar, mas, se fosse mais pesada, era devorada pelo demônio Ammit ”

                   (Rosalie David, Religião e Magia no Antigo Egito. Difel, 2011. ISBN 9788574321165).

domingo, 20 de julho de 2014

AS CONSCIÊNCIAS INTERLIGADAS



 É imperceptível mas consciências estão interligadas feito redes de computadores numa percepção atemporal, realidade, nos permite inconscientemente a percepções "estranhas" como por exemplo a sensação de que você viveu algo e ao mesmo tempo "parece' que tu sabias disso antes, como se você vivesse aquilo QUEM NUNCA TEVE ESSA SENSAÇÃO? Na verdade, a nossa relação passado,presente e futuro , realidades humanizadas,e por ora limitadas em compreensão,deverão ser revistas ao passo que a ciência compreender , através de estudos, essa dita "sensação atemporal" ou quem sabe criar instrumentos para identificarmos isso....Portanto, todos os pensamentos e ações "passadas ou futuras" estão interligadas num mesmo ponto. Acredito fielmente de que criarão chips, softwares, que identificarão todas as ações humanas....Enquanto, a ciência caminha para tais estudos, em ritmo bem alto, estamos ainda super limitados as capacidades sensoriais individuais, que no mundo popular chamamos de intuições, premonições ou numa forma bem extrema VIDÊNCIAS....É bastante comum pessoas identificarem tragédias, resultados de jogos e etc.Muito além de palpites "sem fundamentos" estão verdadeiras atividades cerebrais ainda não compreensíveis e mensuráveis.De uma forma especial, creio que quando a ciência conseguir mensurar e criar dados estaremos diante de uma nova era e sobretudo, o ponto final dos variados fundamentos religiosos existentes.....Para concluir, o homem um dia irá reconhecer o grande valor que tem dentro dele e que muitas respostas e soluções sairão internamente, já que o verdadeiro segredo da vida está dentro de nós e não fora.
Caso a Teoria do Big Bang estiver certa, somos partes integrantes dessa maravilhosa força do universo como poeiras cósmicas e" habitantes construtores "dessa grande magia" chamada vida. E que não há nada além desse universo grandioso e misterioso, mas que abriga toda a fonte da existência de tudo.