O
sistema de cotas pode ser encarado como uma forma de mascarar a profunda
injustiça que a História Brasileira identifica em relação a uma grande parcela
do nosso povo. Ao longo dos anos, as profundas e contundentes diferenças entre
as classes sociais se acentuaram, principalmente como consequência dos modelos econômicas
e pela forma de desenvolvimento promovidos desde o início do período
republicano e até aos últimos governos, notadamente aqueles que
foram orientados pelo receituário neoliberal de governar. A concentração de renda na pequena parcela da
população gerou uma massa de pessoas que não têm as condições econômicas para
ter acesso aos bens sociais fundamentais e consagrados na Carta Magna
Brasileira.
Quando se observa, cuidadosamente, o que está
definido em Lei, em relação aos direitos do cidadão brasileiro e se compara com
o dia a dia têm-se dúvida se a democracia brasileira está se consolidando.
Embora hipocritamente anunciado pelos órgãos da mídia que bajulam os governos
em troca de favores políticos, negócios e até mesmo empréstimos facilitados. O
nosso povo não está vivendo melhor. Isto é falácia.
Em detrimento do processo de desenvolvimento social,
as políticas neoliberais adotadas desde o governo Fernando Collor de Mello e
aprofundadas nos dois governos do PSDB de Fernando Henrique Cardoso, acabaram
por aprofundar as diferenças e as injustiças sociais.
É lógico que, se ao longo dos mais de 500 anos, este foi produzido
intencionalmente, nenhum governo, sozinho, poderá reverter este quadro.Em razão
disto, há necessidade de que se estabeleça um Pacto Nacional pela educação, no
qual, poderemos aceitar tais cotas nas universidades como uma medida com início
e término de vigência.
A nação brasileira e por via de consequência,
o Estado Brasileiro, teria o compromisso de investir todas as suas “baterias”
no sentido de elevar a qualidade do Ensino Básico e do Ensino Médio,
universalizando a educação efetivamente e não apenas no texto da Lei, mas nas
práticas oferecendo oportunidades semelhantes
a todas as crianças e a todos os jovens brasileiros.Findos 12 anos do
início do pacto, todas as crianças teriam, sido preparadas ou, pelo menos,
teriam sido oferecidas a estas crianças as oportunidades semelhantes para o
ingresso democrático nas Universidades. Neste período emergencial e de vigência
do Pacto Nacional pela educação, as cotas, com o objetivo de tentar reduzir as
injustiças históricas, seriam “toleradas”.
Os “pontos de partida” e as experiências
sociais diferenciadas produzem em nosso país a adoção de perspectivas e
resultados educacionais diferentes. Os governos futuros em conjunto, com
empresários e sociedade civil deverá discutir o futuro educacional desse país
formando o Grande Pacto na educação para se promova a justiça social e a elevação
do nosso sistema educacional a patamares dos principais países do seleto grupo
chamados de PRIMEIRO MUNDO. Enquanto não exista tal preocupação ou que as
ideias e discursos saiam do texto, as cotas deem ainda serem vistas como algo
integrador e, sobretudo, uma forma positiva de ao menos reconhecer o débito
histórico com uma grande parcela de nossa sociedade.